Crônico Repórter Desacato Sem meias palavras

O vírus, a mula suja e serpente branca

Escrito por Leandro Duarte

Tá tenso: o vírus assusta, a mula causa náuseas e a serpente racista se empolga ao sibilar seu ódio sorrindo de manhã.

Vamo acordar, vamo acordar, segundona chegou, céu azul louco, hein. Às vezes você tem que se apegar nisso, mano, só as vezes.

Malandro! O bagulho segue em chamas, né. Parece que lá na terra dos cangurus, o fogo deu uma sossegada, mas aqui, truta, aqui segue.

O vírus tá deixando geral em choque. Sinceramente, estou longe de ser aquele tipo de gente que fica neurótica com essas paradas. Sigo mantendo as mãos limpas e Vai Corinthians. Acho que esse desprendimento, ou desprezo, se preferirem, me permite observar algumas coisas. O nome do vírus é daora, espero que consigam controlar. Pra onde correr? Montanhas ou ilha? Tem que botar fé na ciência, mano, só ela vai nos salvar. Ouvi um amém?

 O Olavo falou que é esquema do Bill Gates. Esse tiozinho definitivamente confia na estupidez do seu público. Filosofão da porra esse aí.

A mula é suja, tio. O imbecil do senhor presidente fala abertamente que pessoas portadoras do HIV representam um custo para todo o país. Sujo pra caralho, me embrulha o estômago, mano, e deveria fazer isso com o seu também. Daqui a pouco estaremos ouvindo na mesa do lado pai de família defendendo campo de concentração e câmara de gás, em nome da estabilidade econômica. Sujo.

E esse pilantra disse isso para defender a campanha pífia, em conteúdo e forma, inventada pela intrigante Damares, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (!!!), e que tem a abstinência sexual como medida educativa que um governo ‘Liberal’ deve impor ao seu povo. Eu fico puto com essas coisas.

Oops! É que escapuliu. O mano lá que apresenta o Bom dia São Paulo… Já repararam que ele parece vilão de filme da Pixar ou de desenho animado desses bizarros? Bom, esse mano aí, com sorrisão aberto de orelha a orelha, com aquele bom humor que ninguém honesto nesse mundo ostenta de manhã.

Link ao vivo, mostrando a vida do trabalhador no trem, moleque sendo entrevistado, daquela cor que a cobra nazista odeia, uniforme do Clube Pinheiros. Ele serpenteou fora da hora. Lembrou dos “amigos” que pegam bolinha no clube enquanto ele joga tênis, baita esporte playboy.

O atleta não entendeu, o repórter não entendeu, a audiência não entendeu. Mentira! Todo mundo entendeu direitinho, todo mundo sabe que porra tava acontecendo ali. Tem que falar pros caras na hora do almoço, mano, tem que instruir os mano, tem que gritar se precisar. Cobra Racista!

Sobre o autor

Leandro Duarte

Leandro, 33 anos, ganha a vida em projetos e TI, talvez por isso sem a menor paciência para toda essa bobagem nerd e cultura pop. Em resumo, inadequado. Grande demais para a poltrona do ônibus de todos os dias.
Pequeno demais para sorrir de tudo. Velho demais para um banho de chuva; muito novo para temer o resfriado. Direto demais para a palavra escrita, e de menos para se fazer compreender. Humano demais para viver de tecnologia. Humano de menos para largar tudo. Comunista demais para os dias de hoje. Comunista de menos para o que é preciso ser feito.
Mesmo inadequado, segue peleando. Como era de se esperar, falhando miseravelmente.

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