Canto dos contos

Invasores

Escrito por Guilherme Alves

Eles chegaram do espaço em busca de recursos naturais. Uma jovem arriscou sua vida para vê-los.

Allaura estava na escola quando as notícias começaram a chegar. Naves de formatos estranhos pousavam em diversas cidades do planeta, trazendo invasores que, a princípio, pareciam hostis. Armados com tecnologia claramente superior, não pareciam interessados em negociar, aprender ou estabelecer comércio; pegavam tudo o que lhes interessava, matando ou capturando quem se colocasse no caminho. Seu principal interesse parecia ser a água, cercando e se apoderando de todos os grandes corpos de água que encontravam.

A pequena cidade de Allaura, que praticamente vivia em função de um grande lago, entrou imediatamente em pânico. Todos sabiam que era questão de tempo até que uma das naves dos invasores decidisse clamar aquela água para si. Soldados foram destacados para proteger o lago, a população foi orientada a não sair de suas casas, exceto em caso de necessidade extrema.

Allaura, porém, tinha grande curiosidade quanto à aparência dos invasores, de forma que, no dia fatal, quando uma de suas naves pousou na beira do lago, deu um jeito de escapar de casa e ir sorrateiramente até lá. Se esgueirava por detrás das árvores, observava a estranha nave, buscando o melhor ângulo para ver os alienígenas quando decidissem sair.

De repente, Allaura foi surpreendida. Ao ouvir um barulho atrás de si, voltou-se e se deparou com um dos invasores. Era horrendo, diferente de tudo o que ela poderia ter imaginado. Ele falou com ela em sua língua alienígena, e, apontando uma arma, deixou claro que seu objetivo seria levá-la para a nave, onde ela sequer poderia imaginar que espécie de testes e procedimentos seriam feitos em seu corpo.

Enquanto era conduzida, Allaura pensava se seria possível escapar, ou se estava condenada. De repente, os soldados gritaram, o invasor se distraiu, e ela, tomada por uma coragem que nunca soube de onde veio, virou-se e tentou desarmá-lo. Tiros foram disparados, um galho caiu sobre o invasor, e, com essa ajuda, Allaura conseguiu se desvencilhar e correr na direção dos soldados.

Quando estava em segurança, ela percebeu que, durante sua luta contra o invasor, enquanto agarrava a manga de seu uniforme, uma parte se rasgou. Abrindo a mão, Allaura encontrou um pedaço do que parecia ser uma fibra de tecido, com um desenho estranho. Sob ele, três letras de um idioma alienígena:

USA

Sobre o autor

Guilherme Alves

Nascido numa tarde quente de verão no Rio de Janeiro, casado aparentemente desde sempre, apaixonado por idiomas (se pudesse, aprenderia todos). Professor de inglês porque era a única profissão que parecia fazer sentido, blogueiro porque gosta de escrever desde que a Tia Teteca mandava fazer redação. Coleciona DVDs, tem uma pilha de livros que comprou mas ainda não leu maior que uma pessoa (de baixa estatura) e um monte de jogos de tabuleiro que não tem tempo de jogar. Fanático por esportes, mas só para assistir, porque é um pereba em todos eles. Não se pode ter tudo na vida.

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