Gabinete do Ódio

Identidade Eleitoral

Escrito por Leandro Duarte

Em 2018 muitos fizeram questão de mostrar em quem iriam votar. Em 2020, teremos novas eleições e já está riscado na testa desses cuzão quem é quem.

Este ano está muito louco, no pior dos sentidos, uma merda atrás da outra. Eu sequer me lembrava que deveríamos estar vendo as Olimpíadas neste momento. Beleza, os jogos seriam em um horário bem filho da puta para o trabalhador brasileiro, mas Olimpíada sempre anima o ano.

Outro detalhe que eu basicamente havia ignorado no meio desse mar de merda é que 2020 é ano de eleições municipais. Neste ano, escolheremos prefeitos e vereadores, aqueles que são os primeiros a foder com a nossa vida, a esfera política mais próxima ao nosso dia a dia. São as eleições municipais que rendem mais tapinhas nas costas e beijos nas crianças do nosso bairro. Sinceramente, eu nem sei quem são os candidatos na minha cidade, nem sei ao certo qual a data do pleito e quais medidas de segurança serão tomadas no meio dessa pandemia que vagabundo finge não existir mais.

Esta minha total desconexão com a Festa da dDmocracia, reflexo deste ano de merda, me fez lembrar das fatídicas eleições nacionais de 2018, ano maldito também, puta que o pariu.

Vivemos uma democracia, correto? Cada indivíduo tem o direito constitucional de votar em quem bem entender, cada um tem o direito de manter seu voto em total sigilo. Bom, pelo menos é isso que está escrito.

Nas eleições de 2018, vivemos um fenômeno interessante, em que boa parte da população fez questão de deixar claro em quem iria apostar naquela eleição. A maioria das pessoas redes-socialmente ativas não só declarou seu voto antes da eleição, como também tentou convencer as pessoas à sua volta de que a sua aposta era a melhor para o Brasil. A tal da polarização foi escancarada como nunca antes visto na história deste país.

Como todos sabemos, deu merda, né? Deu merda pra caralho, deu uma merda pela qual sofremos todos os dias, deu uma merda pela qual cerca de 80 mil pessoas já pagaram com a vida. Sim, eu coloco na conta desse governo essas mortes, e pau no seu cu se você discorda disso. Esse governo genocida promoveu isso aí, ou pelo menos não fez nada decente pra evitar. O verme do Bolsonaro e seus apoiadores todos, políticos e populares, têm sangue nas mãos e eu não vou me esquecer disso nunca. Se quiser, pode vir tirar satisfação comigo, te mando o CEP.

Bom, voltando ao assunto. Toda a polarização de 2018 e toda a necessidade das pessoas em declararem seu voto é algo cada vez mais claro na sociedade, e nem precisamos resgatar os posts de 2018 para saber em quem cada um à nossa volta votou.

A forma como o sujeito se comporta na fila do mercado revela em quem ele votou, a forma como a pessoa compreende a seriedade do momento e a pandemia em que vivemos revela em quem o sujeito votou, se o vizinho está ou não de máscara na rua, revela em quem ele votou.

A maneira como a pessoa dirige e estaciona. A maneira como a pessoa fala com o moleque pedindo pra cuidar do carro. A linguagem corporal, a maneira com que a pessoa trata os amigos, os parentes no grupo do WhatsApp. Tá muito claro quem é quem.

Em Bastardos Inglórios, Tarantino julgou necessário marcar a faca a testa do nazista para que todos soubessem que aquele filho da puta era nazista. No Brasil de 2020, tá na cara que esses filhos da puta votaram no fascista Bolsonaro, e prefiro assim. Prefiro ter essa certeza de quem é quem. Me enganei com muitos que julguei serem boa gente no passado. Agora tá na testa daquele cuzão.

E do meu lado esses bico não se cria. Foda-se.

Sobre o autor

Leandro Duarte

Leandro, 33 anos, ganha a vida em projetos e TI, talvez por isso sem a menor paciência para toda essa bobagem nerd e cultura pop. Em resumo, inadequado. Grande demais para a poltrona do ônibus de todos os dias.
Pequeno demais para sorrir de tudo. Velho demais para um banho de chuva; muito novo para temer o resfriado. Direto demais para a palavra escrita, e de menos para se fazer compreender. Humano demais para viver de tecnologia. Humano de menos para largar tudo. Comunista demais para os dias de hoje. Comunista de menos para o que é preciso ser feito.
Mesmo inadequado, segue peleando. Como era de se esperar, falhando miseravelmente.

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