Eu e minha família estamos sobrevivendo. Acho que essa é a palavra correta a se usar em meio a uma pandemia: sobreviver. Nem eu, minha mãe, meu irmão, cunhada, sobrinha, tios, primos, nenhum deles até o momento pegou o novo coronavírus, pelo menos não que eu saiba. Isso mesmo tendo alguns parentes ainda negacionistas. Mas, no fundo acho que não são bobos e tomam, sim, os devidos cuidados.
Sobre a falácia de “não conheço ninguém ainda que pegou covid-19”, eu já não posso dizer. Pelo menos um amigo relativamente próximo a mim contraiu a doença, mas felizmente passou bem por ela. Cada organismo reage de uma maneira diferente.
Mesmo com todos os cuidados que estamos vivendo e tomando, além de uma aparente diminuição no número de casos na minha cidade, o vírus parece estar se aproximando. Passar ileso por ele até a chegada da vacina será uma grande vitória. Mesmo assim, algumas notícias de mortes causadas pela doença ainda me impactam.
Todas as vidas são importantes, sem exceção. Acontece que, quando conhecemos alguém que parte, logicamente acabamos sentindo mais. Normalmente, eu lido até relativamente bem com a morte. Fico profundamente triste, é verdade, mas considero ter ligeira recuperação mental, de conseguir retomar a vida dentro de uma possível normalidade.
No entanto, o anúncio da morte do jovem apresentador do Grupo Globo Rodrigo Rodrigues, aos 45 anos, vítima da covid-19 me deixou muito mal. Primeiro por ser alguém ainda muito jovem, com tantos planos e projetos pela frente. Além de jornalista, era músico, tendo formado a banda Soundtrackers, especializada em trilhas sonoras do cinema. E havia escrito alguns livros, entre eles o da banda Blitz e um guia turístico por Londres e Paris através das linhas de metrô. Um homem de múltiplos talentos, além de parecer ser uma pessoa fantástica. Não tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, mas acompanhava seu trabalho desde os canais ESPN e quem o conhecia era só elogios.
Alguém que se cuidava, aparentava ser saudável, contraiu a doença e não apresentava sintomas no início. Quando estava quase no fim da quarentena, começou a perder o olfato e o paladar, a ter dores de cabeça, diarreia, entre outros fatores causados pelo vírus. Teve algo raro, uma trombose cerebral. Todos imaginavam que ele iria se recuperar. Não aconteceu, e fica agora um grande vazio na comunicação.
Não era para ser assim, não mesmo. Agora que ocorreu, que sirva de motivo para que os cuidados sejam redobrados, que levem cada vez mais essa doença a sério e, quando tudo isso passar, que possamos viver vários momentos desta passagem aqui na Terra, assim como o RR viveu.