Talvez você tenha essa mesma impressão, a de estar a cada dia mais sobrecarregado(a). E, quando deveria ser o momento de desacelerar, pisar no freio, acabar acumulando mais e mais tarefas.
Tudo isso pelo fato de não saber ou não conseguir dizer uma palavra simples, de apenas três letras, chamada “não“.
Ter seu trabalho reconhecido é uma coisa, saber valorizar esse reconhecimento é outra bem diferente. As pessoas podem conhecer o bom profissional que você é, mas nem sempre estão dispostas a abrir os bolsos para pagar o quanto você realmente vale. E, mesmo as que estão dispostas e decididas a isso, tem a questão do excesso de serviço e demanda.
As horas parecem ficar mais curtas, o tempo tende a passar mais rápido e os prazos ficam todos desorientados.
Ser jornalista em tempos pandêmicos e trabalhar com notícias online significa lidar com mudanças de decretos, chegadas (ou falta) de vacinas, novos casos e óbitos o tempo todo. E ter que dar conta de publicar tudo, de preferência antes da concorrência. Para isso, é necessário estar praticamente de plantão boa parte do expediente, que não se limita ao horário comercial. Chamo isso de ser “escravo da notícia”. Essa gama e a busca por informação de qualidade e apurada em meio a tanta desinformação se faz necessária, mas desgasta demais quem trabalha com isso.
E qual a recompensa? Apesar de ler os piores comentários de gente negacionista, também tem quem elogie e reconheça o bom serviço. Mas o cansaço mental é real, e o cachê negociado não compensa. Bate aquele medo e aflição de aceitar continuar com isso, por não ter outras opções no momento. É nessas horas que me apego em meus projetos pessoais e no que me dá satisfação e prazer. Seja um hobby, um lazer ou até mesmo uma companhia. Livros, música e filmes também ajudam bastante na busca para evitar o surto geral.
Sair vivo, consciente e com a saúde física e psicológica em dia, em período de pandemia, será um privilégio para poucos. Saiba dizer não sem medo de ser feliz.
Eu preciso parar de me sobrecarregar.