Há muito mais a lamentar que a comemorar em uma pandemia. Nunca pensei que o simples ato de assistir ao telejornal pudesse me causar tanto mal. Tenho evitado nos últimos dias, pela minha saúde mental. Mas, jornalista que sou, sempre acabo me informando dos fatos.
Em meio a tantos caos, com tantas mortes, sabendo que tantas delas poderiam ter sido evitadas se tivéssemos um governante com um mínimo de noção e uma população igualmente colaborativa, ao menos saber que nem eu, nem pessoas próximas a mim e a minha família foram contagiados pelo vírus mortal já é um sentimento de alívio – porém não muito, já que o risco segue aí, batendo na porta.
A vacina, ainda que aos poucos, dá esperança. Pelo menos acredito que poderei ver minha mãe vacinada. Quando chegará a minha vez, só Deus sabe.
Manterei os cuidados, embora a vontade às vezes seja de gritar. Alto, muito alto, o mais alto que eu puder, para tentar ser ouvido por algum salvador da pátria que me tire dessa aflição.
Procuro organizar os pensamentos em meio a tanta insanidade. Comecei a pandemia desempregado, consegui uma atividade que me permite sobreviver, mas quase me esgota ao máximo, mesmo sendo em home office. Para não surtar, embarquei em projetos pessoais alternativos. Meu primeiro livro vem aí e isso me deixa muito feliz.
Só que nem tudo são sorrisos. Acabo de vivenciar uma perda que para mim já era considerada alguém tão próxima e especial, em tão pouco tempo. Sempre acreditei que nada acontece por acaso, e o encontro de pessoas também não. Busco me fazer presente e dar o apoio necessário. Não sei quantos dias serão de luto, mas os dias de luta, esses nunca param.
O que temos para o momento são apenas saudades.