Correspondência

Desejos de Natal

Escrito por Rose Carreiro

O Natal tem muitos significados, ou pode não significar nada pra você. Pra mim, este Natal significa desejar coisas boas.

A árvore de Natal está montada sobre o aparador, já que a sala ainda não tem espaço no chão. Um reflexo da procrastinação e da apatia que essa época não deveria ter. Afinal, o Natal sempre foi um período de esperança e renovação, de cores vivas, comidas gostosas e de demonstrar carinho presenteando os que eu amo.

E, por falar em presentes, ao menos os das gatas estão ali, ao pé da árvore, pelúcias dadas pela minha mãe, embrulhadas e decoradas com laços coloridos. Talvez porque as gatas tenham sido a esperança, as cores vivas e a demonstração de carinho que tem feito parte dos meus dias.

Ainda de pijama, com meu café esfriando, me sentei no sofá pra escrever esta crônica de Natal. Afinal, ainda é uma tradição minha que adorava realizar, e pensei que deveria retomar, mesmo não sendo este nem de longe um feliz Natal. 

Em algumas horas, estarei junto da minha família, mesmo faltando um pedaço dela e deixando outro pedaço – as gatas – para trás. Há pouco para celebrar além da vida, da saúde, que falta para muitos, do prato na mesa, de ter vivido mais um ano. 

Escolhi então, desta vez, desejar. Desejar para quem puder ler estas linhas o que eu também desejo para mim.

Eu desejo paz. A paz de acordar sem pensamentos que possam consumir você. A paz de não perder o sono com a instabilidade financeira. A paz de saber que você fez o seu melhor e não carregar culpas alheias pra si.

Eu desejo saúde. Saúde para sair da cama e conseguir viver o seu dia, comer com vontade, beber por prazer, e descansar a cabeça no travesseiro. Saúde para fazer tudo o que tem que ser feito e também o que você gosta de fazer, sem se sentir exausto ou devendo obrigações.

Eu desejo confiança. Mais do que nos outros, em você, na sua capacidade de realizar, de seguir em frente. Confiança para mudar quantas vezes for preciso, recomeçar e refazer o seu caminho. Confiança para seguir sua intuição e seu coração. Confiança pra olhar pra tudo o que você tem de bom e acreditar que você é assim, e não o que os outros dizem que você é. 

Eu desejo amor. Amor por você e pelos outros, amor que te faça praticar o bem, a solidariedade, o voluntariado, que te faça dividir um pouco do que você tem com aqueles que não têm as mesmas oportunidades que você. Amor pra fazer você sentir que merece amor.

Eu desejo felicidade. Porque felicidade é ser quem você é, é estar em paz, é ter saúde, é confiar, é sentir amor.

Felicidade é se sentir realizado, é se ver sozinho, mas não solitário. É fazer o bem e se sentir apenas bem por isso. É receber um ronronado, uma lambida, um afago. É pagar as suas contas e ainda poder fazer planos com o dinheiro que resta.

Felicidade é se sentir vivo, e não viver no modo automático. É ler um livro e se perceber mudado na última página. É olhar em outros olhos e ver luz, ler verdade, reconhecer carinho, provar amor.

Felicidade é mudar o dia de alguém para melhor.

A felicidade pode significar coisas diferentes para cada um de nós. Mas, no fundo, o nosso desejo é, no final de tudo, ser feliz. Deveria ser pra isso que a gente vive. Então, eu desejo que você viva hoje, ou algum dia melhor do que hoje, um Feliz Natal.

Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.

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