Lágrimas que vertiam sem parar escorregavam pelo seu rosto sem qualquer cerimônia. Qualquer lugar era lugar para o choro. Como era possível uma mudança tão repentina? Do descontrole emocional da perda à saudade que doía, tudo parecia um vazio inexplicável. Não era só a falta que sentia, era o giro de todo aquele sentimento que fazia pouco sentido. Do querer ao abandono em tão poucas horas.
Enquanto cada online funcionava como um tiro em sua alma, a falta de notícias ou de um sinal de clemência o torturavam. Em meio a um turbilhão de problemas, ele desejava o colo, o alento. A segurança de quem se fecha em uma concha segura e gostosa numa noite de frio. Só não queria nada por pena.
Com esforço e algumas conversas geladas, em meio a erros comuns de quem se desespera por saudade, seus convites já não faziam sentido. As demonstrações públicas de afeto não valiam de nada, com ela pensando que tudo fosse “só” pra ela. Logo ele, que sempre quis o bem independente da presença dela.
Ele perguntou. Obteve uma resposta simples. Depois de tantas bocas opinando, ela escutou aquela que ele tanto indicou. Ela resolveu levar adiante o conselho daquele que ele tanto pediu para que ela se consultasse. O simples da resposta, ainda mais vindo de quem veio, foi o suficiente para que ele parasse com tudo. Ela precisava cuidar dela. Era tarde para inseri-la em seu mundo. Finalmente, ela era a única prioridade dela mesma.
Compreendendo ser essa opinião irrefutável por sua própria lógica, resignou-se na gratidão. Percebeu como foi incrível poder ser ao menos um rabisco nas páginas da história dela. Resolveu brigar para deixá-la em paz, obrigando-se a ter gratidão e torcer por ela. Ele seguiu triste, arrasado, mas com a certeza de que o que importava era aquele sorriso. O mundo era um lugar melhor pra se viver quando aqueles olhos e sorrisos iluminavam os ambientes.
Rezou baixinho para o que não acreditava a tornasse feliz todos os dias. Pediu que ela fosse resistência num mundo que é tão cruel com quem é bonito por dentro e por fora. Aquela pequena moça, sempre que agia como uma transgressora sorridente, era capaz de iluminar os lugares mais escuros – como a alma dele – e alegrar a vida de gente que se sente confortável com a tristeza.
Por fim, lembrou que ela era linda, mas não apenas por ser inteligente, otimista e se preocupar com os outros. Ela era linda por sua aparência. Aparentava estar sempre feliz. Ele cansou de torná-la feia, entendeu seu lugar e se foi.