Esses dias vi no glorioso Instagram uma mensagem curtinha, porém muito interessante que dizia “seja a pessoa que conserta a coroa de outra pessoa sem precisar dizer ao mundo que ela estava torta”. E, com isso, automaticamente me lembrei com especial carinho do Sr. Manoel, meu ex-vizinho. Ele é idoso, todos os dias saía para dar uma voltinha no quarteirão, pegar sol na praça, ver as modas, e quando me encontrava no elevador, me contava que estava com uma doença que tem um nome grande e difícil.
Morei no prédio até o ano passado. Mas tive a honra de encontrar com o Sr. Manoel quase todos os dias. Sempre animado, educado e cheiroso, me falava SEMPRE as mesmas frases. Fiz questão de não decorar o nome da tal doença para sempre fazer a mesma cara de espanto de uma criança curiosa ao ouvir uma história legal.
Hoje, vejo que de certa forma eu ajeitava a coroa dele sem precisar dizer que ela estava torta. E, aliás, o Sr. Manoel era tão gracioso e tão “princeso” que a coroa dele era um boné antigo escrito “lembrança de Poços de Caldas”. Aí eu te pergunto: Tem como não amar?
Então, com o coração cheio de carinho, desejo para a semana que essa frase e essa simplória história se multiplique e que possamos notar na correria do cotidiano que as grandes riquezas da vida também estão nesses pequenos detalhes e nessas gigantes gentilezas.
O legal da história foi a Nathalia ter o cuidado de não dizer a doença do Manoel, nem dar demais detalhes sobre a vida e o fim do personagem. Assim, ela fez o que sugeriu que todos fizessem no início do texto: “consertar a coroa sem avisar a todo mundo que ela estava torta”. E, para nós, leitores, bastou. Uma crônica muito sensível e tocante. Parabéns.