Gerando Gentileza

Seja um doador

Escrito por Patrícia Librenz

Doar órgãos é um ato genuíno de amor. É dar vida a alguém quando a sua passagem por aqui chegar ao fim.

Em tempos de superexposição em redes sociais, de selfies desnecessárias, “lives” que não interessam a ninguém, só tem uma coisa realmente importante e que todo mundo deveria saber a seu respeito: quando partir desta para melhor, você deseja doar seus órgãos?

Recentemente, vivi este drama na minha família: uma pessoa próxima de mim ficou aproximadamente dois anos na fila de espera por um transplante de pulmão. A família toda acompanhou tudo, mas, obviamente, não tão de perto quanto minha prima, que teve que mudar de cidade, abandonar a vida que ela vivia, deixar de estar perto dos amigos e da família, para acompanhar o marido nessa terrível fila de espera.

Eu não tinha muita noção de como era isso antes de ver minha prima passar por essa situação. E, honestamente, acho que ninguém sabe… a gente apenas imagina, pois só passando por isso para saber como é. Mas eu sei como dói ver alguém que a gente ama muito com falta de ar – embora sejam coisas totalmente diferentes, vi minha cachorrinha lutar durante quatro meses contra um câncer de pulmão e morrer nos meus braços após uma parada cardiorrespiratória. Não havia mais nada que eu pudesse fazer por ela, pois no Brasil não é realizado transplante de órgãos em animais. Mas em humanos, é. E isso pode mudar a vida de muitas pessoas para sempre.

A vida do marido da minha prima começou a mudar no dia 28 de dezembro de 2019. Após vários meses na fila de espera por um pulmão em Porto Alegre, finalmente chegou a vez dele. Embora a cirurgia seja muito delicada e o pós-operatório seja bastante tenso e complicado, porque sempre existe o risco de rejeição, deu tudo certo e ele está se recuperando bem. Tudo isso graças ao ato de amor de uma família que, mesmo em um momento de dor profunda, permitiu que o Michel seguisse sua vida. 

A doação de órgãos é o ato de amor mais genuíno e desinteressado que pode existir. Basicamente, você doa parte da vida de alguém a pessoas que você não conhece e que provavelmente nunca irá conhecer. É, via de regra, uma doação anônima – ninguém a faz por status ou para postar no Instagram – imaginem: “Oiiiii!!!! Gente, hoje vim aqui no hospital doar um rim!!!”. 

Após a morte do Gugu Liberato – cuja família doou todos os órgãos, conforme a vontade do apresentador -, parece que essa discussão em torno da doação de órgãos foi reacesa e, com isso, o número de doações tende a aumentar, porque o assunto esteve na mídia e, então, mais pessoas começam a pensar e, principalmente, falar sobre isso. Portanto, não adianta nada você ser doador se ninguém da sua família souber – é preciso que você comunique isso a todas as pessoas próximas. 

E, se você nunca pensou a respeito (ou até já pensou, mas não gosta da ideia), tente inverter um pouco os papéis e imagine-se na situação de uma pessoa que precisa de um transplante para continuar vivendo. A doação dos seus órgãos será o seu último gesto de misericórdia aqui na Terra. E, se você for doador, compartilhe este texto em suas redes sociais usando a hashtag #soudoador – assim, muito mais gente vai saber qual é o seu último desejo!

Doe seus órgãos!

Sobre o autor

Patrícia Librenz

Mãe de dois gatos, um autista e outro que pensa que é cachorro. Casou com um veterinário, na esperança de um dia terem uns 837 animais. Gaúcha no sotaque, pero no mucho nos costumes. Radicada em Foz do Iguaçu desde 2008, já fez mais de 30 mudanças na vida. Revisora de textos compulsiva, apaixonada por dicionários. A louca do vermelho. A chata que não gosta de cerveja. A esquisita que não assiste a séries. Dona da gargalhada mais escandalosa do Sul do Mundo. Mestra em Literatura Comparada, é fã de Machado e Borges, mas ignorante de Clarice Lispector e intolerante a Paulo Coelho. Não necessariamente nessa ordem.

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