Em tempos de superexposição em redes sociais, de selfies desnecessárias, “lives” que não interessam a ninguém, só tem uma coisa realmente importante e que todo mundo deveria saber a seu respeito: quando partir desta para melhor, você deseja doar seus órgãos?
Recentemente, vivi este drama na minha família: uma pessoa próxima de mim ficou aproximadamente dois anos na fila de espera por um transplante de pulmão. A família toda acompanhou tudo, mas, obviamente, não tão de perto quanto minha prima, que teve que mudar de cidade, abandonar a vida que ela vivia, deixar de estar perto dos amigos e da família, para acompanhar o marido nessa terrível fila de espera.
Eu não tinha muita noção de como era isso antes de ver minha prima passar por essa situação. E, honestamente, acho que ninguém sabe… a gente apenas imagina, pois só passando por isso para saber como é. Mas eu sei como dói ver alguém que a gente ama muito com falta de ar – embora sejam coisas totalmente diferentes, vi minha cachorrinha lutar durante quatro meses contra um câncer de pulmão e morrer nos meus braços após uma parada cardiorrespiratória. Não havia mais nada que eu pudesse fazer por ela, pois no Brasil não é realizado transplante de órgãos em animais. Mas em humanos, é. E isso pode mudar a vida de muitas pessoas para sempre.
A vida do marido da minha prima começou a mudar no dia 28 de dezembro de 2019. Após vários meses na fila de espera por um pulmão em Porto Alegre, finalmente chegou a vez dele. Embora a cirurgia seja muito delicada e o pós-operatório seja bastante tenso e complicado, porque sempre existe o risco de rejeição, deu tudo certo e ele está se recuperando bem. Tudo isso graças ao ato de amor de uma família que, mesmo em um momento de dor profunda, permitiu que o Michel seguisse sua vida.
A doação de órgãos é o ato de amor mais genuíno e desinteressado que pode existir. Basicamente, você doa parte da vida de alguém a pessoas que você não conhece e que provavelmente nunca irá conhecer. É, via de regra, uma doação anônima – ninguém a faz por status ou para postar no Instagram – imaginem: “Oiiiii!!!! Gente, hoje vim aqui no hospital doar um rim!!!”.
Após a morte do Gugu Liberato – cuja família doou todos os órgãos, conforme a vontade do apresentador -, parece que essa discussão em torno da doação de órgãos foi reacesa e, com isso, o número de doações tende a aumentar, porque o assunto esteve na mídia e, então, mais pessoas começam a pensar e, principalmente, falar sobre isso. Portanto, não adianta nada você ser doador se ninguém da sua família souber – é preciso que você comunique isso a todas as pessoas próximas.
E, se você nunca pensou a respeito (ou até já pensou, mas não gosta da ideia), tente inverter um pouco os papéis e imagine-se na situação de uma pessoa que precisa de um transplante para continuar vivendo. A doação dos seus órgãos será o seu último gesto de misericórdia aqui na Terra. E, se você for doador, compartilhe este texto em suas redes sociais usando a hashtag #soudoador – assim, muito mais gente vai saber qual é o seu último desejo!
Doe seus órgãos!
Awesome post! Keep up the great work! 🙂
Gostava quando constava a seguinte observação na minha carteira de habilitação: ¨doador de órgãos¨
Não sei por que retrocederam. Algum problema jurídico, sei lá. Mas antigamente era assim, você comunicava sua opção no ato da renovação da carteira.