Cézar Madeira era um cara solteiro, sozinho e bem de vida.
Trabalhava num escritório de advocacia no centro do Rio de Janeiro.
Sua rotina era simples. Acordava, colocava o terno, pedia um Uber e ia trabalhar.
Todos os dias.
Sua vida era normal e ele não tinha muito do que reclamar.
Numa dessas noites solitárias em casa, depois de jogar videogame, resolveu reinstalar o Twitter.
Ele tinha prometido que não iria mais entrar em confusão e tinha medo de se expor demais por causa da carreira.
Na real, ele havia tido uma treta homérica no Twitter. Estava mandando mensagens privadas para uma de suas seguidoras e o namorado dela,um dia, respondeu a DM. Cézar ficou em pânico e sumiu do site.
Sua conta era famosinha antes de ele sair. Mais de 8 mil seguidores.
Conhecia todo mundo da galerinha das antigas.
Ele não sentia muita falta, já que tinha todos aqueles amigos no Facebook, no Instagram e no WhatsApp.
Seus amigos falavam pra ele, “Volta, Cezão! Esquece aquele camarada.”
Então ele voltou.
Sua conta estava lá, intacta. Seu último Tweet era de 2017.
Ele olhou a timeline por um tempo e resolveu twittar uma vez pra avisar que tinha voltado.
Tuitou e dormiu.
Na manhã seguinte, acordou, virou pro lado e pegou seu telefone.
Viu nas notificações do Twitter que estava escrito “20+”
“Wow! Mais de 20 notificações aqui”.
Ele já acordou feliz da vida e deixou pra ler as notificações mais tarde.
Tomou seu banho, vestiu seu terno e foi trabalhar.
Já no Uber, resolveu ler as notificações.
A primeira de cima era de uma pessoa que ele nunca viu na vida dizendo, “Olha só o lacrador”.
A segunda era um retweet de uma conta chamada “Ódio do amor”.
A terceira era uma pessoa falando “Vai tomar no cu!”
Na quarta notificação o nosso querido @madeiracezaradv já estava desesperado.
“Mas que porra é essa, caralho?!”
Foi olhando e olhando, e tinha mais de 200 notificações.
Havia prints do seu Tweet fora de contexto.
Tinha print do seu Tweet em um print no Facebook e um amigo dizendo “@madeiracezaradv tá famoso, hein!”
Dos termos mais recorrentes nas suas mentions, havia “gado”, “retardo”, “petralha”, “isentão”, “sem tempo irmão”, “Are you sure?!”
O nosso Cezão não tava entendendo mais nada.
Ele desceu do Uber, subiu no elevador do prédio da firma e foi desinstalando o Twitter.
Quando entrou no escritório o seu chefe veio falar com ele, “Doutor Madeira! Tá famoso no Twitter, hein?!”
A única coisa que o Cézar conseguiu responder foi: “Twitter? Eu saí de lá há 2 anos. Alguém deve ter roubado minha conta. Acho que deve ter sido uma dessas ONGs querendo me expor”.