Pensamentos crônicos

Despedida

Escrito por Letícia Nascimento

Não há metáforas de desastres naturais suficientes para descrever a dor de perder um ente querido.

O coração vira mar revolto quando a morte chega. Sem prenúncio, uma onda arrebenta no peito, faz arder a alma e o corpo, pequeno, se rompe em lágrimas. O sal que escorre na pele quente corrói. A dor é tão grande que mal dá pra suportar. Perder alguém é tsunami após um longo banho de sol. Perder alguém é oceano fundo e gélido que não dá pé.

O aroma das flores se mistura com a ausência. Falta espaço para mensurar a tristeza. O luto preenche cada centímetro do organismo com um novo tipo de solidão. O luto pesa. Um peso que torna impossível o simples ato de respirar. O cheiro da morte queima e deixa o pranto repleto de cinzas.  

A saudade é mar calmo quando a vida esvai. As lembranças povoam os pensamentos. Rosto, sorriso, momentos, abraços, conjecturas. Tudo vem à tona lentamente, como se as memórias navegassem soltas pelas águas do universo. O adeus é impossível; o até logo vem acalentar. Se despedir de alguém é revoada de andorinhas no céu. Se despedir de alguém é tesouro perdido no fundo do mar.

Sobre o autor

Letícia Nascimento

Jornalista por formação, redatora por rotina, roteirista de alma, deseja um dia ter a audácia de se intitular escritora. Ama bebês, cachorros e fofuras em geral. Cinéfila que assiste de tudo, viciada em séries e leitora apaixonada. Possui todos os distúrbios possíveis do sono, luta contra a ansiedade crônica e a fibromialgia com humor e acidez. Parece jovem mas joga gamão nas horas vagas.

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