Sérgio Alves Dutra nasceu em uma família simples.
Cresceu em uma casa em que o mais importante era a companhia da família.
Não tinham muita coisa.
Era mais uma dessas famílias que estão no limite do orçamento, de ter que vender o almoço para comprar o jantar.
Quando criança, Sérgio não tinha muito brinquedo.
Ele ganhava 1 brinquedo por ano e era apenas no Natal.
Durante o resto do ano, acabava brincando com sua própria imaginação.
Ele inventava histórias e brincadeiras divertidas.
Na falta de bens, tentava ser o mais engraçado da turma.
Enquanto todas as crianças da escola tinham os novos videogames e bicicletas de última geração, Sérgio tinha seu carisma.
Com o passar do tempo, percebeu que ser engraçado era um jeito de ser aceito nas turminhas da escola.
Ele era um piadista.
Contava piadas ruins com os famosos pontinhos coloridos.
E também contava piadas divertidas com as aventuras do lendário Pedrinho na escola.
A vida foi passando, e ele sempre levava tudo com muito humor.
Conseguiu passar no vestibular. Arranjou um emprego bacana. Ajudou a família inteira e sempre era a pessoa mais animada das festas de fim de ano.
Ele achava graça em tudo.
O seu jeito foi ficando chato para alguns.
“Nunca sei quando o Sérgio tá falando sério ou não”.
Em alguns momentos, Sérgio chegava em um grupo de pessoas reunidas no trabalho e todo mundo ia saindo aos poucos.
Ele não ligava.
Fazia piada com tudo.
Ninguém aguentava mais, e um dia foram reclamar com ele.
Ele ficou muito magoado e decidiu parar de fazer piada o tempo todo.
Resolveu que iria falar de assuntos sérios.
No Natal com a família, Sérgio não fez nenhuma piada.
Ficou a noite inteira falando de política e não deixava ninguém falar.
Quando iam argumentar com ele sobre algum assunto, ele pedia pra esperar.
“Deixa eu terminar o meu argumento!”, dizia ele, um pouco exaltado.
Até que seu sobrinho de 10 anos levantou a mão pedindo a palavra.
Sérgio ficou tocado com o gesto do sobrinho e pediu que o menino falasse.
“Tio Sérgio, eu gostava mais de você quando você contava a piada do pavê ou pacumê.”
Coincidência… aprendi na infância, mas só entendi depois de adulto que fazer rir é uma maneira de conquistar as pessoas.