Crônico Repórter Murphy Days Rir pra não chorar

Minha primeira viagem de guincho

Escrito por Bruno Zanette

O seguro de automóvel é um mal necessário, quando se tem um carro. A gente nunca sabe quando vai precisar.

Se alguém ainda não precisou andar de guincho em algum momento da vida, tenha certeza de que uma hora vai precisar. Aconteceu comigo, no começo de 2018. Era uma noite de sábado. Ou seja, não havia horário e dia piores para acontecer. Deus abençoe os plantões, caso contrário o problema só seria resolvido na segunda, pela manhã.

Não foi por acidente ou batida, nada disso. A questão foi mecânica.

Estava em um aniversário infantil da filha de um amigo. Após umas 21h30 ou 22h, eu me despeço dos convidados, entro no carro, coloco a chave na ignição e no momento em que piso na embreagem para dar a partida, sinto que algo de errado não está certo. O pedal ficou solto e foi inteiramente para baixo. Cabo de embreagem estourado.

A primeira reação é sempre tentar resolver sozinho, capaz que vou ligar para o guincho num sábado à noite, ninguém vai me atender. Tento colocar a embreagem de volta no lugar. Nada feito. Minha posição pouco convencional, agachado, com a porta do motorista aberta, e o carro parado em cima da calçada, em frente ao portão de uma residência atrai a atenção de curiosos, como era de se esperar.

_ Algum problema aí, amigo? – pergunta um cidadão de cara fechada, parecendo ser o dono da casa em questão.

“Todos os problemas do mundo”, pensei em responder.

Mas, eu me contive.

Tento explicar a ele a minha delicada situação.

Se em situações normais é difícil encontrar alguém na rua que entenda de mecânica, naquela hora era quase impossível.

É, não vai ter outro jeito, terei que ligar para o guincho. Sabendo disso, alguns voluntários me ajudaram a empurrar e tirar o carro da calçada, onde eu tinha parado para manobrar, antes de o cabo da embreagem estourar.

Volto à casa onde estive por algumas horas no aniversário, peço o telefone emprestado, passo alguns dados à central da seguradora. Em 20 minutos o caminhão estava na rua, conforme o combinado. Aí veio a tensão de colocar o veículo na parte de cima da caçamba. Algumas manobras aqui, outras ali, e carro posicionado, pronto para ser levado à oficina.

No trajeto, sigo na cabine do motorista, só escutando suas histórias. A melhor de todas, sobre quando precisou resgatar um cliente que teve problemas com o carro na garagem de um MOTEL. Até aí, tudo bem. Não fosse o fato de que o cliente estava no local com a AMANTE e estava desesperado para que sua esposa ou namorada não descobrisse. Não bastasse isso, o caminhão não entrava na garagem, um tanto quanto pequena e não projetada para receber caminhões-guincho. Mas, tudo foi solucionado.

Assim como a embreagem do meu carro, em que precisei pedir na concessionária um novo cabo que levou quase uma semana para chegar, a uma distância de pouco  mais de 140 km de uma cidade a outra.

O encarregado de despachar a peça simplesmente a colocou no veículo para o transporte, esqueceu, e ficou circulando com ela parada, dentro da caixa.

E meu carro esperando.

De repente, me deu saudades de andar de guincho novamente.

Já passou…

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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