Murphy Days Pensamentos crônicos

Lembranças de uma TV

Escrito por Bruno Zanette

Nada nessa vida dura para sempre; com televisores não é diferente.

Pergunta sincera: quem ainda assiste TV? OK, temos algumas plataformas digitais de filmes e seriados via streaming, mas estou dizendo da programação em si da TV, seja ela de canais abertos ou por assinatura.

Mas, se pararmos para pensar, quase todos os telejornais – de qualquer emissora – disponibilizam os seus conteúdos e reportagens de maneira online, isso quando você não encontra a edição do dia na íntegra na internet, seja na página oficial ou no YouTube. Sem contar streamings piratas, com a programação ao vivo do canal que desejar. Só me restaria, portanto, o esporte ao vivo, que também conta com plataformas digitais de alguns canais especializados, voltados para o segmento e permitindo você assistir onde bem entender. Num celular, tablet ou computador.

Digo isso pois a vida útil de um dos meus aparelhos de televisão chegou ao fim. Está na família há dez anos, no mínimo. E não era o primeiro dono. É um desses aparelhos de tela plana, não faço ideia quantas polegadas, 42 talvez, e que agora deu para não querer ligar mais. Quando liga, fica sem som e imagem. Ou apenas com som e sem imagem, ou só imagem e sem som.

A minha vontade era de pegá-lo e jogá-lo de cima de uma ponte, para vê-lo se quebrando em pedacinhos. Mas, aí lembro que é apenas um aparelho de TV, e os eletrodomésticos, assim como os humanos, também têm prazo de validade. Acho que tudo tem, nesse mundo de hoje e sempre.

Foram muitos momentos bons e divertidos assistidos na tela daquele televisor. Filmes, séries, o primeiro ouro olímpico do futebol brasileiro, o tricampeonato da Libertadores da América pelo Grêmio, shows épicos do Rock in Rio. Assisti a tudo isso sozinho ou em boa companhia. Também assisti a momentos desagradáveis, especialmente algumas derrotas do meu time e aos noticiários da política brasileira.

Pensando bem, esse televisor já deu o que tinha que dar, e não adianta mais eu ficar tentando ligá-lo toda vez que eu quiser assistir algo. Recentemente, fiz dele uma smart TV improvisada, conectando o cabo do monitor do computador à TV que fica ao lado. Mas, de uns tempos pra cá, se eu quisesse assistir algo em determinado horário, tinha que começar tentando ligar uma meia hora antes. Desgastante demais.

E não estou em período de gastar nessa pandemia. Acho que poucos estão. Especialmente com aparelhos de TV, algo totalmente substituível nos dias de hoje. Porque, veja bem, não se trata mais apenas de entretenimento. É mais uma questão de conforto e status. Sim, porque é muito mais confortável assistir a algo deitado e espichado no sofá, do que numa tela reduzida de um computador, seja sentado em uma cadeira, ou com ele ao lado na cama, se for um laptop.

Por isso, decidi ficar um tempo sem esse utensílio, nem mandarei arrumar, muito menos comprar outro. Vou me dedicar mais às leituras e outros afazeres. Acompanhar mais as notícias online, dedicar mais tempo a acessar as reportagens em vídeo. E quanto à TV, bom, ela fica para depois. E que a próxima venha com mais outras boas lembranças. Pois, no final, é isso que acaba ficando de recordação.

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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