Sem meias palavras

Nunca foi preocupação

Escrito por Thigu Soares

Não era pelo bem coletivo. Nossa falha em controlar a pandemia mistura politicagem, desejo individual e burrice. A ignorância e o egoísmo falam mais alto contra o isolamento.

Praia cheia, futevôlei rolando, shoppings e bailes lotados e trânsito livre. Além da falta de capacidade de quem nos governa, é difícil lutar contra a burrice. A idiotice já venceu. Como dito no passado, pela quantidade. Enquanto uma autoridade sugere a fiscalização invasiva, quem ainda tem bom senso acorda, lava os copos, passa o dia, conta os corpos e finge acreditar que temos alguma saída. 

Jamais foi por preocupação aos que não poderiam trabalhar e se manter com dignidade durante a quarentena. Não veremos manifestações porque os vendedores de mate não estão nas praias ou sobre a situação dos informais. Por enquanto, a praia mais vazia até agrada. Mais limpa, dirão. 

Pedir consciência é a mais pura imbecilidade quando falamos de um país que não conseguiu praticar qualquer modelo de combate à pandemia. O próximo incômodo virá da insatisfação pelo delivery prolongado. Fica a louça pra lavar e o chopp não vem no grau, não é mesmo? 

Bastou um indício irresponsável de flexibilização para que as máscaras caíssem. Não é, nunca foi por preocupação. 

Sorte de quem mantém a consciência em isolamento e sai à rua cobrindo nossa cara por saúde e por vergonha de pertencer a esse mesmo povo sem vontade de pensar e preocupado apenas com a própria vontade.
Não digam que era por preocupação, nunca foi preocupação. Basta assumir. 

Sobre o autor

Thigu Soares

Um ex-jovem sempre velho que sonhou ser escritor. Blogueiro bissexto, cronista por vocação, "publicizeiro" totalmente por acaso. Intenso, exagerado, mal humorado, ácido e corrosivo. Leal, amigo e um pouco mentiroso. Flamenguista, carioca e pai de dois Pugs lindos. Luto contra a balança e brigo com a tarja preta. Já quis salvar ou o mundo, mas dá muito trabalho, mas dá preguiça… Mesmo sem fazer isso direito, tento seguir rabiscando como dá. É bom pra combater ou manter a loucura.

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