Texto enviado pelo leitor Daniel Simões
Pensemos sobre como eram as coisas quando, num tempo longínquo, as mulheres eram as governantes da Terra. Elas são mães e literalmente, dão vida ao planeta, renovam a população, criam… e sempre foram mais inteligentes, mais cultas, mais perfeccionistas (no bom sentido da palavra), além de tomarem melhores decisões. Até aí, perfeito e simples de entender.
E como funcionavam as coisas na prática? Os homens faziam serviços braçais, cuidavam de casa, ajudavam na criação dos filhos, recebiam bons salários em seus empregos, eram bem educados e estudados. Em casa, na cama, eram quase “escravos sexuais” e gostavam disso. Elas mostraram que sexo não é tabu, que é algo consensual e bom para todas as partes envolvidas. Tiveram que educá-los assim, pois eles antes eram incontroláveis e viviam para conseguir sexo a qualquer custo.
Cada um fazia o que gostava, isso incluía o sexo. Não existia uma definição sobre quem você vai gostar, se é homem, mulher, gay (gay nem existia naquela época, porque não era necessário criar essa definição, já todos os relacionamentos eram admirados e liberados). Na cabeça das mulheres, não fazia sentido obrigar as pessoas a escolher e limitar algo que poderia ser totalmente amplo. Como a educação funcionava, não só a educação, mas a saúde era para todos, a infraestrutura era fantástica, o comércio funcionava… tudo ia bem.
Todos viviam em harmonia. As pessoas quando chegavam numa idade mais avançada, tinham dinheiro para viajar, moravam em boas casas, onde recebiam a família para os almoços de domingo.
Até que, em determinado momento, um senhor, branco, no alto dos seus 52 anos, bebeu um pouco além da conta e gostou do que sentiu. Lembrou de quando, na juventude, tinha sido abandonado no altar pelo homem que foi o grande amor da sua vida. Sua companheira atual não sabia da história e, naquele dia, chegou sedutora, o convidando para irem ao quarto porque ela queria transar com ele. Ela queria muito e confessou ao pé do ouvido que seu prazer maior era ver seu companheiro com desejo nela. Dito isto, o cara, já meio bêbado, se encheu de coragem pra dizer NÃO! Não vou para o quarto agora. Vou quando eu quiser. Ela disse, ok, deu um beijo nele e seguiu para o quarto para dormir.
Ele gostou de afrontá-la, por menor que fosse o motivo e resolveu testar esse “poder”. Foi aumentando os enfrentamentos. Queria ver até onde levariam. Tinha raiva dela, mas por uma questão dele, porque gostava de homens na hora do sexo, mas havia prometido não se relacionar com nenhum outro homem. Jamais. Durante esse período, foi contando a alguns amigos próximos o que estava fazendo e pedia que fizessem o mesmo.
Em outro determinado momento mais à frente no tempo, as mulheres começaram a ter sua capacidade de tomar decisões questionada pelos homens. Homens, esses, que entenderam que a única coisa que eles levam vantagem em relação a qualquer mulher é na força física. Tudo desandou. Os caras entenderam também que, usando a violência, conseguiam calar as mulheres, conseguiam estuprar as mulheres, conseguiam desacreditar as mulheres, colocaram as mulheres contra elas mesmas. Tomaram o poder, na força, mas foi uma guerra bonita, se assim podemos dizer de uma guerra. Bonita, pois as mulheres quase venceram ou podem ser consideradas vencedoras, pensando por outro lado.
Vamos lá, o contato físico não era favorável para elas, então elas foram distraindo os homens, usando distrações em prédios vazios e eles demoraram muito tempo para entender como elas faziam aquilo. Enquanto isso, as mulheres, que já eram minoria, pois a maioria morrera pelas mãos dos homens, iam mudando seus locais de esconderijo, pois haviam construído vários durante o longo tempo que estiveram no poder.
Migravam também as suas informações, pois sabiam que aquilo nas mãos dos homens seria uma tragédia para o mundo. Os homens já vinham cometendo seguidos atos de corrupção nos poucos anos, desde que tomaram o poder. Um busca ser melhor que o outro a qualquer custo, mentira virou verdade, e eles gostam disso. São péssimos.
Não adiantava, os homens destruiriam tudo, até encontrarem as mulheres que estavam escondidas pelo mundo. Queriam todas. Quando restou apenas uma, essa deletou todos os dados do mundo. Não sobrou nada para constar história. Apenas os homens, mentirosos por natureza. Essa última mulher foi pega viva para ser estuprada e ter filhos e filhas, afinal se ela morresse, chegaria ao fim a raça humana, pelo belo motivo que o homem é mais forte e por isso está no poder.
Esse é um pensamento romântico do história. Um lado mais racional sabe que o homem não pensaria sobre sua sobrevivência, quando a prioridade era acabar com as mulheres do mundo, que seria um lugar muito melhor sem elas, blá, blá, blá…. Pensava ele, enganado por si próprio, apaixonado por sua ideia.
As meninas que vêm daí, todas nascem como escravas sexuais. “Homens já foram um dia, então nada mais justo”, diria um deles (e teria apoio dos demais, naturalmente). Só que no tempo onde homens eram “escravos sexuais”, as mulheres governavam e o mundo era um lugar melhor, as pessoas eram mais felizes, a ciência era brilhante e a Terra era menos doente, bem cuidada. E vejam só, os homens eram muito mais realizados e felizes.
Agora, quem estava no poder eram eles, os homens e teriam que reconstruir, criar tudo, do nada e organizar essa merda toda, sem uma mulher para ajudar. Eles estavam fodidos e vejam onde estamos hoje… juntos deles, ainda.