Pensamentos crônicos Sem meias palavras

A arte de poder xingar

Escrito por Bruno Zanette

Soltar uns palavrões faz bem e ajuda acalmar em momentos de fúria e de raiva.

Desconheço alguma pessoa, que na loucura da sociedade e mundo no qual vivemos, consegue passar por tudo isso sem soltar um mísero palavrão que seja. Pode ser o mais puritano dos seres. Xingar faz bem, é aquele momento que nos sentimos aliviados, pois às vezes é o mínimo que podemos fazer. Tem quem já considere parte do próprio vocabulário, incorporou no dia a dia e já soa natural.

Quando o assunto é xingar outras pessoas, muito cuidado. Xingamento gratuito pode custar caro. É importante ter motivos para xingar outra pessoa. Seja para se defender, retrucar ou criticar merdas que fez. Especialmente se for um político, os campeões disso.

Outro dia, lendo mais um absurdo do nosso Excrementíssimo Presidente – desta vez sobre os professores, os quais segundo ele, não querem voltar a trabalhar – eu compartilhei a notícia indignado nas minhas redes sociais, puto da vida (olha mais um palavrão aí) e havia chamado Bolsonaro de “jumento”. Até que peguei leve, diante de tamanha besteira que o homem havia dito na sua “live”.

Pois bem, compartilhei e fui ver um filme qualquer na Netflix. Era The Post, ótimo, aliás e dá uma aula sobre jornalismo. Recomendo. Quando terminou, fui dar uma conferida no celular. Foi então que vi uma mensagem direta no meu WhatsApp de alguém me orientando a não fazer mais esse tipo de postagem, xingando o presidente, pois “eu sou jornalista”.

Lógico que na hora me ferveu o sangue, pois jornalistas odeiam ser censurados. Mas, conhecendo a pessoa que escreveu, percebi que a orientação foi mais no sentido de não expor meu lado político, e tentar ser o mais imparcial possível.

Primeiro que a tal da imparcialidade é mera ilusão no jornalismo. Sempre vamos tender para um lado, de preferência o lado mais fraco e necessitado. Segundo que consigo separar bem minhas redes sociais pessoais, do Bruno Zanette da redação de jornal, site ou rádio, onde quer que eu esteja trabalhando. E terceiro que não se indignar diante de tantas barbaridades cometidas por esse – aqui posso escrever sem medo de ser feliz – asno presidencial é praticamente impossível.

Não cheguei a perder a amizade com a pessoa que me orientou a evitar tais publicações, mas aqui vai um pedido a todos que, por ventura, chegarem a ver postagens semelhantes na internet: Deixem o povo xingar o presidente, caralho!

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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