Fazer um esforço hercúleo para deixar claro que tudo não passa de uma diversão é parte de um novo normal já antigo e batido, quase liquidificado, em tempos de relações líquidas.
- Você não me deve satisfação, ok?
- É legal quando a gente se diverte.
- Oi, @! Vamos nos ver?
Tudo normal e bem combinado, ao menos até a página dois do jogo. Se algo foge às expectativas que jamais foram ditas ao outro, o julgamento do par vem galopando, sem cerimônia alguma ou discussão. Entendo que talvez assim seja mais fácil, mas doeria dividir o que se sente ou espera?
Silenciosamente, cortam-se os vínculos, cria-se a crise e a vida segue falando mal daquele que sequer sabia de sua própria importância. O eleito traíra se retrai, descobrindo, logo quando tenta saber o que houve, que o problema foi ele. Além da brincadeira que fica gravada por quem nada escondia, resta a mágoa de quem poderia mudar a história do jogo apenas abrindo a boca.
Precisamos que se decida qual é a tática do nosso jogo da vida, pessoal. Sempre fica difícil compreender sinais que não chegam ou interpretar palavras que nunca são ditas. É preciso que haja uma clareza de sentimentos e pretensões um pouco mais eloquentes que o silêncio que sempre foi escutado. É preciso decidir o que quer, quem quer, como quer e falar isso pro outro.
Assim, todo mundo sabe como ou se ficará cada tipo de coisa. Decidam-se. Melhor isso à acusação de uma crueldade inexistente. Decide sofrer e julgar quem se cala durante toda a jornada. Ainda que o baile siga, a vida corra e as águas percorram seus caminhos, sem que saibamos o que queremos, não chegaremos a lugar algum.