Correspondência

Pra começar

Escrito por Juliana Britto

Seduzir, manter o interesse, fisgar. Esse é só o começo.

Me meti numa enrascada. O pior (ou melhor) é que eu estava à procura disso. Minha maior dificuldade no momento é que sempre fiz sem compromisso, apenas quando tinha muita vontade. Agora “preciso” ser mais constante, mostrar serviço, seduzir, ganhar o jogo ao primeiro olhar, manter o interesse. Nessas circunstâncias, ter que fazer duas vezes por mês pode parecer pouco para os iniciados, mas, para os principiantes como eu, pode ser uma armadilha. E se na hora H, eu travar e não conseguir?

Um amigo me disse que gosta de beber enquanto faz, outro fuma ‒ Deus me livre de aprender a fumar a essa altura do campeonato! ‒ Prefiro evitar artifícios, por enquanto. Até agora, tudo sempre fluiu naturalmente, então, para quer mexer em time que está ganhando?

Isso me faz lembrar que a média nacional deve ser baixa. Ao menos, para aqueles que conseguem fazer algo que dure um pouco mais e fique na lembrança. Uma rapidinha, como quem rabisca ou digita um texto no celular, pode ser boa, mas é efêmera, feita para uma vez e depois vira lixo virtual. Gostaria de suscitar o prazer da descoberta, como quem tira um a um, vagarosamente, os véus da odalisca. Não posso deixar de confessar que gosto de olhar os outros fazendo também. Mas isso é outra história.

Eu quero repetir duas, três, quatro e até mais, se tiver fôlego, energia e se gostarem de mim. Só desejo uma coisa: que tenha novidade. Sei que essa de repetir a mesma fórmula não funciona, há muito que o brasileiro gosta de variar o arroz com feijão. Há tanta coisa gostosa por aí, tantos sabores e texturas, diversas experiências e temperaturas, tanto a explorar. Fica combinado assim, esse é o meu desafio pessoal.

Tem gente que me pergunta se não fico com vergonha de me expor dessa forma, de mostrar em partes ou por completo. Talvez seria apropriado, na minha posição, esconder o rosto atrás de uma máscara, isso poderia até aumentar o apetite. Sei não! Talvez eu crie uma personagem que valorize meus dotes, camufle meus defeitos, me faça de difícil ou entregue os pontos desde a primeira vez. Decidi que vou deixar rolar, sem medo de ser feliz. Desde que eu me proteja e não faça mal a ninguém, vale tudo.

Já encomendei fantasias e brinquedos, deixarei a imaginação voar. Preparei a luz do abajur e baixei só música boa, nessas horas dou preferência à instrumental, ouvir outras vozes tira minha concentração. Agora é só esperar pelos parceiros. No plural, é claro! Quem quer fazer sozinho, se pode partilhar? Entre ativos e passivos, quero muitos leitores para os textos que publicarei quinzenalmente, aqui, no Crônicas de Categoria.

Desde já agradeço aos futuros leitores.

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Sobre o autor

Juliana Britto

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