Alan nunca teve muita sorte com as mulheres. Por isso estranhou quando, naquela noite, no bar do hotel, uma verdadeira deusa parecia estar dando mole pra ele. Era a primeira vez em que ele visitava aquela cidade, não conhecia ninguém, e decidiu arriscar. Retribuiu seus olhares, sentou-se perto dela, pagou-lhe um drink. Conversaram, descobriram ter afinidades, decidiram subir para o quarto de Alan, que mal acreditava que aquilo pudesse estar acontecendo.
Tiveram uma noite mágica, pareciam feitos um para o outro. Ela gostava de tudo o que ele fazia, e retribuía fazendo-o sentir coisas que sequer julgava serem possíveis. Após horas de entrega, tomaram banho juntos, o que foi ligeiramente atrapalhado pelo fato de que a água saía quente demais, e ele não conseguia regulá-la de forma alguma.
Após o banho, com fome, decidiram pedir serviço de quarto. Enquanto aguardavam, sentaram-se na cama para assistir TV, o que levou Alan a descobrir que só estavam disponíveis os canais abertos. Mais de uma hora se passou e nada da comida. Alan telefonou para reclamar duas vezes, cada uma mais irritado que a anterior, dizendo que não era possível a refeição demorar tanto, que era um absurdo a TV só ter os canais abertos, que mal tinha tomado banho por causa da água quente demais, e que iria fazer uma resenha bem malcriada no site de avaliação.
Após desligar o telefone pela segunda vez, Alan reclamou com a moça que, se soubesse que o hotel tinha todos esses problemas, não teria se hospedado lá. Olhando em seus olhos com um sorriso malicioso no rosto, ela respondeu:
– Ih, relaxa. Sempre foi assim, desde que eu ainda era viva.