Desacato

Mandetta, Moro, a Mula e o rebanho

Escrito por Leandro Duarte

Uma sexta-feira muito louca. Moro joga estrume no ventilador e o desespero da mula diverte a todos.

Que semana amigos, que semana.

Não tá facil ser pau no cu, digo, Bolsonarista nesse fim de mês.

Sequer deu tempo de digerir a queda do pau Mandetta do Caiado, aquele ministro da saúde bem do medíocre, indicação política dos aliados, que tinha esquema com plano de saúde e queria privatizar o SUS, que enquanto deputado levantou plaquinha de “Tchau, Querida”, que ousou seguir orientação da OMS de dentro de um governo que desde sempre deixou claro seu compromisso em negar a ciência, lembram?

Caiu por que estava aparecendo mais que o patrão, caiu porque o Caiado pulou do barco, caiu porque a mula com a faixa da presidência precisava relinchar uníssono – eu quero que ele se foda, na verdade, mas tirá-lo no meio da pandemia é muita burrice. Nada de diferente vindo da Casa Grande. Tchau, Querido.

Daí que a semana transcorreu bem. Feriadinho no meio pra salvar, pilhas de mortos se elevando por todo o país por conta da “doença que não existe”, e por não terem sido tratados com o remédio que não funciona.

Sexta-feira, trampo bombando, varias fita pra resolver e vem o ministro da fala fina e solta que a mula mitológica estava tentando, por meio de indicações políticas, interferir nas investigações da Polícia Federal. BOOM! Grande bomba, o mundo inteiro para e ouve aquela voz desafinada, falar o óbvio por meia hora.

Falou sobre tudo aquilo que a nossa mula deixou claro que seria durante toda a eleição. Egocêntrico, autoritário, miliciano, corrupto, capaz de qualquer coisa para defender seus filhos do peso da lei. Falou, falou, e eu só conseguia pensar em como deve ser horrível ter de ouvir aquela voz todos os dias. Pobre Morinho.

O juiz só não falou que de fato aceitou se aliar a tudo isso que JB representa em troca de um trampolim para o Supremo. O Ético Moro caiu atirando, contra a mula assustada e contra a própria reputação. Mais um que eu desejo que vá à merda com louvor. Se tivesse qualquer dignidade, não aceitaria o cargo que assumiu. Morra, Moro.

Eu queria ser uma mosca varejeira pra entrar no estábulo presidencial e ver a mula pulando aos coices, ouvindo seu ex-superministro jogar todo seu estrume nos ventiladores do planalto, empesteando o mundo inteiro com esse cheiro de merda que sai da boca do presidente.

Mas daí veio o pronunciamento oficial. Que coisa mais maravilhosa, amigos. O Guedes de pantufa, O Teich parecendo o Morto Muito Louco no fundo, a Damares com cara de louca, o circo todo armado pra ver a mula discursar, triunfal. E foi um show.

Teve ingratidão ao coração aberto, teve o 04 pica das galáxias, tacógrafos, taxímetros, cartão corporativo, teve o porteiro, teve 01, 02 e 03 também, teve Adélio, Marielle esteve presente. Teve o desligamento do ilustríssimo sistema de aquecimento das piscinas do palácio, aquelas aquecidas com energia solar. Foi saborosíssimo.

As panelas ecoaram, e eu, que nem gosto dessa porra dessa manifestação de coxinha do caralho que é bater panela, me diverti naquele fim de tarde. As panelas soaram como música.

A mula admitiu que queria interferir nas investigações, tocou o berrante forte, mas sinto que cada vez menos bovinos atenderam ao chamado. Boa parte vai ouvir o berrante desafinado do juiz de meia pataca. Baita oportunidade pra gente dar uma surra nesses pau no cu divididos, não acham?!

No mais, essa semana comemoramos as mortes de Mussolini e aquele maravilhoso linchamento, de Hitler e daquilo que ele representou, e do capital político da nossa mula. Vai ser uma semana de festa e de combate, esteja atento. O gado está com a bunda doendo, cabe a nós não deixá-los esquecerem a semana que passou, e que é só o começo.

Façam isso de casa! Não sejam babacas.

Sobre o autor

Leandro Duarte

Leandro, 33 anos, ganha a vida em projetos e TI, talvez por isso sem a menor paciência para toda essa bobagem nerd e cultura pop. Em resumo, inadequado. Grande demais para a poltrona do ônibus de todos os dias.
Pequeno demais para sorrir de tudo. Velho demais para um banho de chuva; muito novo para temer o resfriado. Direto demais para a palavra escrita, e de menos para se fazer compreender. Humano demais para viver de tecnologia. Humano de menos para largar tudo. Comunista demais para os dias de hoje. Comunista de menos para o que é preciso ser feito.
Mesmo inadequado, segue peleando. Como era de se esperar, falhando miseravelmente.

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