Amor é prosa

Não é sobre amor

amor
Escrito por Rose Carreiro

Essa não é uma crônica de amor. Porque uma relação a dois precisa de amor, mas também precisa de muito mais coisas. Afinal, amor, só amor, não basta.

Essa não é uma crônica de amor.

Olhando pra trás, pros últimos meses, anos, pra tudo que vivi a dois com outros pares, quis falar de amor, mas acabei decidindo que não é sobre ele que eu preciso falar. Quando acaba o amor, não sobra nada mesmo. 

Então, venho falar de tudo o que eu vejo que me faz feliz numa relação. Apesar de sentir amor, não é ele que define e alimenta todo o resto. Ele vem com essas outras coisas, que não seriam tão boas sem amor, mas que, sem elas, o amor também não merece meia dúzia de palavras numa declaração qualquer.

De que adianta um “eu te amo” sem companheirismo? Sem dividir as tarefas chatas da casa, sem um ouvido pra escutar problemas e reclamações cotidianas, sem uma boca pra sussurrar taras e vontades nas horas mais inesperadas? 

Um amor sem parceria não vale mais do que um bom dia por educação.  Um amor sem admiração não cabe na forma em que eu me encaixo hoje. 

Não vale falar de amor se ele não vem com compatibilidade: de ideias, de desejos, de planos para a vida, ou, ao menos, pro cardápio do fim de semana.

Amor sem querer paixão, sem empurrar o outro ao voo, sem querer ser incentivado a se jogar nos sonhos… é um amor que sempre vai ficar no copo meio vazio.

Mas, como eu já disse em alguma outra crônica, que também não era sobre amor, mas falava do nosso direito de querer mais, a vida é mais do que isso. Não é pra falar de amor, mas das outras coisas que fazem ele possível, que essas palavras estão aqui. 

Esteja com alguém que te acompanha, que te escuta, que embarca nas suas loucuras, que te aconselha. Que te deseja, que faz com que você se sinta especial. Que faz a lista do mercado junto, que te elogia – pra você e pros outros. Que se importa. Isso importa mais do que dizer que ama. 

Afinal, amor, só amor, não basta.

Sobre o autor

Rose Carreiro

Nascida num 20 de Outubro dos anos 80. Naturalmente petropolitana, com passaporte carioca. Flamenguista pé frio e expert em não se aprofundar em regras esportivas. Fã de Verissimo – o Luis Fernando – e Nelson, o Rodrigues (apesar de tudo). Poser. Pole dancer com as melhores técnicas para ganhar hematomas. Amadora no ofício de cozinhar e fazer encenações cômicas baratas. Profissional na arte de cair nos bueiros da Lei de Murphy.

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