Canto dos contos Murphy Days

Murphy no encontro

Escrito por Bruno Zanette

Após marcar de sair com uma garota, uma série de acontecimentos murphyanos teve início. Boa parte contribuída pelo próprio rapaz.

Já fazia algumas semanas, talvez meses, que os dois trocavam mensagens. Começou pelo Messenger, Instagram, até chegar ao WhatsApp (bom, agora tudo é do mesmo dono). Até que Felipe tomou coragem e decidiu convidar Manuela para sair.

Convidou esperando receber uma negativa, em um primeiro momento. Mas, para a surpresa do rapaz, a moça aceitou.

Data, horário e local escolhidos, vinha agora o ritual de preparação de Felipe para sair. Com seus vinte e poucos anos, morava com a mãe divorciada. Durante a semana trabalhava em um escritório de contabilidade.

A primeira parte do ritual de Felipe consistia em tirar a barba, que não crescia muita coisa, é verdade. Pelo menos uma vez por semana ele passava o creme de barbear no rosto e deslizava sua lâmina de barbear pela cara. Só que, na mais recente compra do material, decidiu economizar e levou uma de marca mais modesta. Some-se a qualidade ruim com a falta de preparo do garoto, aliado à pressa, o resultado é que volta e meia sempre acabava fazendo pequenos cortes. E esses pequenos cortes sangravam. Não muito, é verdade, mas não deixavam de ser percebidos.

Preocupado com a proximidade do horário marcado, Felipe tentou estancar o pequeno sangramento com pedacinhos de papel higiênico. Não funcionou muito bem, e agora tinha uma vermelhidão no rosto. Imaginou que o banho que viria na sequência pudesse resolver o problema. Apressado e afoito, foi direto ao banheiro. Já de chuveiro ligado e com xampu no cabelo, olhou para o box de vidro ao seu lado e percebeu que não havia pegado toalha para se secar.

Sua primeira reação foi gritar pela mãe, pedindo para que levasse uma toalha e a deixasse na porta. Sem sucesso, ela não escutou, pois estava entretida com algo no jardim. Felipe, então, tentou não se preocupar muito com isso. Na pior das hipóteses, atravessaria a casa correndo, todo pelado, em busca de algo para se secar. Foi aí que olhou para baixo e teve a “brilhante” ideia, só que não, de usar o pano de secar o chão. Pelo menos tiraria o mais grosso da água do corpo, embora não seja recomendável.

Banho tomado, corpo seco de maneira não apropriada, ele foi logo olhar no espelho e, passando a mão na parte em que havia “dado o sangue pelo encontro”, entre o maxilar e o queixo, percebeu que ainda continuava sangrando um pouquinho. O desespero começou a tomar conta. Aquele era um encontro importante, não poderia cometer deslize na primeira vez em que saía com a moça. Mesmo assim, decidiu se arrumar, colocar a sua melhor roupa, que não seria mais do que uma camiseta de banda, uma calça jeans e tênis. Desodorante e perfume passados, foi ao encontro de sua pretendida, Manuela. Não sem antes levar um pedacinho de papel para segurar em cima do pequeno ferimento, enquanto dirigia com apenas uma das mãos.

Se Manuela percebeu algo e o encontro foi um sucesso, será tema para um próximo texto.

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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