Crônico Repórter

Viaduto da discórdia

Escrito por Bruno Zanette

O que deveria ser a solução de problemas no trânsito acabou virando a raiva de vários moradores, isolados dos poucos acessos que tinham à rodovia e ao centro da cidade.

Cidades de fronteiras costumam ser o “fim da linha” dos países, de onde a única saída é voltar por onde veio ou seguir adiante para os países vizinhos. Assim é Foz do Iguaçu, cidade de tríplice fronteira com Paraguai e Argentina e cujo único acesso via terrestre pelo Brasil é a BR-277.

A rodovia federal divide a cidade ao meio. Um dos bairros mais populosos próximo à BR é a Vila A, construída pela usina de Itaipu. Presente entre as seis maiores cidades do Paraná, Foz tem um grande perímetro urbano próximo à rodovia. Então, é normal ter muitos cruzamentos. Mas, esses cruzamentos geravam muita insegurança no trânsito e ocasionavam acidentes graves.

Ao longo dos anos, viadutos e trincheiras foram construídos – com relevantes atrasos – em pontos cruciais da cidade: na Avenida JK, Avenida Paraná e, mais recentemente, Avenida Costa e Silva. Todos eles ligam bairros importantes ao centro da cidade.

Acontece que, nesse último específico, na Costa e Silva, inaugurado em dezembro de 2019, o tal Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná (DER-PR), responsável pela obra, achou uma “grande ideia” fechar outros acessos dos bairros à rodovia. Afinal de contas, agora os moradores possuem um viaduto “moderno”, não vão precisar mais desses acessos. Alegaram que a medida aumentaria a segurança dos usuários da via. O verdadeiro ato de tapar o sol com a peneira.

Só que o novo viaduto, aparentemente mal elaborado, não corrigiu todos os problemas. Ficou confuso, teve muitas saídas que mais atrapalham do que ajudam, veículos acabam se encontrando e é questão de tempo para novos acidentes acontecerem. Isso é a opinião de um leigo em projetos arquitetônicos, mas usuário do trânsito no local. Porque tenho certeza que esses engenheiros não utilizam a construção que planejam. Gastaram 18 milhões de reais para fazerem aquela aberração.

A pouco mais de 1 quilômetro do viaduto da Costa e Silva, havia o chamado Trevo do Charrua, mais uma ligação da Vila A com o centro ou a BR. Um trevo que, nos principais horários de movimento causava grandes congestionamentos. Então, em vez de fazerem uma extensão do viaduto da Costa e Silva até o Charrua, decidiram FECHAR o trevo. Agora, moradores da Vila A precisam ir até o viaduto da Avenida Paraná para irem ao centro ou retornarem à rodovia.

Esse pessoal tapa um buraco e destapa outro. Causa transtorno no lugar de soluções. Esses bloqueios foram realizados tarde da noite por conta do trânsito mais tranquilo (ou para evitar manifestações contrárias). A prefeitura bem que tentou impedir tais ações, mas não tinha autonomia sobre uma rodovia federal.

E assim, de maneira autoritária, o DER-PR consegue isolar bairros inteiros, obrigando seus moradores a gastarem mais combustível para darem voltas absurdas. Vai contra todas as orientações de acessibilidade e sustentabilidade dos dias modernos.

Modernidade não combina com esse pessoal. E, dessa forma, conseguem emputecer toda uma população que conhece a realidade daquela região.

Sobre o autor

Bruno Zanette

Jornalista nascido e formado em Foz do Iguaçu-PR. Adora falar e contar histórias, por isso o rádio foi veículo onde mais trabalhou. Mas é na escrita onde costuma se expressar melhor. Gosta de um bom rock, livros, filmes e esportes (assiste bem mais do que pratica). Torce e sofre pelo Grêmio, não exatamente nessa ordem. Apesar de bem-humorado, gosta de piadas de humor bem duvidoso, e acha que a melhor maneira de rir é de si mesmo. Por isso, acredita que a própria vida poderá servir de inspiração para boas crônicas e contos. E tudo o mais que vier na telha para escrever.

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