Sem meias palavras

Ode ao deboche

Escrito por Brunno Lopez

Quando a imaturidade é destilada em nosso cotidiano, só nos resta debochar diante da falta de discernimento.

Poderia me vangloriar por esporte, como um aquecimento matinal para qualquer atividade física aleatória. Sair do meu próprio corpo só pra admirar de fora todo meu colossal saber e minha vertiginosa inteligência emocional. Mas aí seria mais soberba do que reconhecimento próprio. Porém, essa é uma régua que coloco diante de você quando deveria simplesmente lhe oferecer uma bandeja de indiferença.

Até riria das suas tentativas de piadas ou ainda dessa reunião diária de autopiedade reticente, mas não consigo permitir que meus pés sejam desonrados ao pisar em territórios que você distribui pegadas.

Se pudesse, depositaria maturidade na sua conta, mas você provavelmente faliria a palavra, tornando-a infantil. Antes fosse inocência, mas é unicamente um veterano no jardim de infância.

Nem o melhor cozinheiro de otimismo consegue alimentar admiração por seu cardápio. É de perder o respeito e a fome. É de recusar a sobremesa e considerar a inanição uma recompensa.

Pior do que estar adoçado ou salgado demais, é ser naturalmente insípido.
E, com tantos temperos que carrego, é prejudicial a qualquer receita de felicidade estar próximo de ingredientes como os seus.

Espero que os radicais livres sejam revolucionários com você.

Sobre o autor

Brunno Lopez

Um ilustrador de palavras que é a favor de tudo que é do contra. Um publicitário que não faz propaganda.
Um otimista aposentado que dá um tapa nas costas da vida enquanto o resto do mundo a empurra existência abaixo.
Um compositor de letras cotidianas sob um violão desafinado.
Um desenhista de verbetes que tem muitas certezas sobre as próprias dúvidas e acredita que o amor não passa de um tapete mágico que sobrevoa as misérias humanas.

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