Pensamentos crônicos

Saudades em tempos de quarentena

Escrito por Breno Amaro

Quem diria que a gente iria sentir saudade até mesmo das coisas mais irritantes do nosso cotidiano, não é mesmo?

Coisas que eu sinto falta na quarentena:

A emoção de não saber se eu vou chegar ao ponto antes do ônibus, junto com o ônibus ou exatamente cinco segundos depois de ele sair, que foi o tempo que eu demorei escolhendo uma camisa.

Reclamar do ônibus lotado, do engarrafamento da Faria Lima, do pessoal que para na porta impedindo os outros de saírem e de gritar “SEGURA AÊ QUE VAI DESCER, PILOTO!”.

Daquele ritual de chegar ao trabalho, dar um bom dia coletivo, fazer meia dúzia de comentários aleatórios sobre a rodada do futebol do dia anterior, pegar meu copo e minha caneca e colocar aquela água fresquinha e aquele café com gostinho de ontem.

De sair pra almoçar nas ruas da Vila Olímpia e me estressar com os farialimers uniformizados (camisa azul clara e calça preta) que insistem em andar fazendo “linha de impedimento”, com quatro pessoas, um do lado do outro, travando a passagem.

De ver aquela nuvem pesada chegando ao horizonte, por volta das 17h, e pensar “eu devia sair agora, pra evitar a chuva e o engarrafamento”, mas desistir por saber que as pessoas vão me olhar errado se eu simplesmente fizer a coisa mais sensata.

De chegar à academia lotada, de noite, revezar todos os aparelhos, demorar o dobro de tempo pra malhar, mas interagir minimamente com outras pessoas que podem até ajudar nos exercícios.

De chegar em casa cansado, tomar um banho, jantar e pensar “bem que amanhã eu podia ficar em casa”.

P.S.: Fiquem em casa. #fiqueemcasa

Sobre o autor

Breno Amaro

Oi, eu sou o Breno. Carioca, redator, flamenguista, fã de surf, do Philadelphia Eagles e de Cavaleiros do Zodíaco. Faixa preta em Mortal Kombat e bi-campeão do World Series of Pavê 2015-16, comecei a escrever porque nunca aprendi a desenhar. Eu me fantasio de Ryu, de Ivan Drago e de Tigre no carnaval. Uma frase? “Trabalhe com o que ama e você nunca vai precisar trabalhar na vida, porque vai morrer de fome”. Escrevo sobre tudo o que passa na minha cabeça, sobre tudo que acontece na minha vida e, sobretudo, sobre nada. Meu cachorro se chama Bolinho.

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