Murphy Days

Murphy x as lentes de contato

Escrito por Mayara Godoy

Lentes de contato são um dos objetos preferidos dela, nossa lei favorita: a Lei de Murphy.

Só quem sofre de algum problema oftalmológico sabe o transtorno que é depender dos óculos o tempo inteiro. E, para quem tem miopia, como eu, a situação é ainda mais complicada, pois é praticamente impossível enxergar qualquer coisa com nitidez a olho nu.

Eis que, cansada de, há anos, ficar nessa rotina – tira os óculos de grau / guarda na caixinha / pega a outra caixinha / limpa os óculos escuros (também com grau) / põe os óculos escuros / repete todo o processo ao inverso – resolvi tentar usar lentes de contato.

Atentaram para a palavra “tentar“, né?

Pois é. Porque coordenação motora nunca foi o meu forte. Desastrada é meu nome do meio. Dizem que nasci num dia 28, mas desconfio que foi numa sexta-feira 13. Minhas mãos não obedecem aos comandos enviados pelo meu cérebro… Sacaram mais ou menos?

Então. Mas, teimosa que sou, lá fui eu, fiz os exames, fiz o teste da lente e encomendei vários pares. Claro que, bem no meio disso tudo, teve a greve dos Correios e eu fiquei mais de um mês enxergando mal, porque as benditas não chegavam, mas, até aí – acreditem –, é normal!

No dia marcado, fui buscar as lentes e fazer o que chamam na clínica de “adaptação”, que nada mais é que receber todas as 29.763.274 instruções e aprender a colocá-las e a tirá-las (as lentes, não as instruções).

Para uma pessoa tonga com problemas motores como eu, até que essa parte foi fácil. O duro foi o primeiro dia tentando repetir o processo em casa.

Obviamente, paguei o maior mico em frente ao espelho – e ao namorido -, me irritei, pensei em desistir e levei nada mais nada menos que 20 minutos para conseguir colocar em um dos olhos. Isso porque ele (o santo que me aguenta e caiu na besteira de casar comigo) ainda me ajudou, segurando as minhas pálpebras, pois sozinha eu não conseguia conceber ficar com o olho aberto e cutucá-lo para colocar um objeto nele. Sério, já pararam pra pensar? É assustador.

Mas, tudo bem, todo mundo diz que no começo é assim mesmo (embora eu duvide que alguém nesse planeta consiga ser tão descoordenado quanto eu) e que depois acostuma.

Ok, acreditei nisso e, confiante, continuei com a minha missão. No segundo dia, levei menos de dez minutos. Fiquei me achando, né? Saí de casa like a boss.

À noite, fui ao mercado e… obviamente, Murphy estava por ali, à espreita. De repente meu olho esquerdo começou a coçar e a coçar e a coçar loucamente, e, de tanto esfregá-lo, consegui arrancar a lente e derrubá-la.

Para não desperdiçar uma lente que havia começado a usar no dia anterior (quando ela dura até 30 dias), catei do chão e resolvi que a colocaria de volta no olho, pois não estava com o recipiente e o soro de limpeza para poder guardá-la.

A única coisa que eu tinha em mãos, naquela hora, era o colírio, e resolvi que era ele mesmo que eu utilizaria para limpar a bendita e socá-la de volta no olho.
Claro que nada disso foi feito sem errar 934 vezes, sem irritar muito meu olho e sem gastar metade do vidro de colírio – que também não custa nada barato.

Mas, entre cutucões e irritações, meus olhos permanecem quase intactos, e agora, pelo menos, eu consigo enxergar o mundo em HD – ainda que com muito sofrimento prévio…

Sobre o autor

Mayara Godoy

Palestrante de boteco. Internauta estressada. Blogueira frustrada. Sarcástica compulsiva. Corintiana (maloqueira) sofredora. Capricorniana com ascendente em Murphy. Síndrome de Professor Pasquale. Paciente como o Seo Saraiva. Estudiosa de cultura inútil. Internet junkie. Uma lady, só que não. Boca-suja incorrigível. Colunista de opiniões aleatórias. Especialista em nada com coisa nenhuma.

3 comentários

  • Também uso lentes. E óculos. Tenho 3 graus de miopia em cada olho (da cara) e só recentemente meu astigmatismo desapareceu. Já acostumei a colocar e a tirar as lentes, sem espelho e até no escuro. São anos de prática. Só uso os óculos em casa, pois não consigo subir ou descer escadas com eles sem tropeçar, e eles também ficam escorregando do rosto o tempo inteiro. Uma vez eu estava muito atrasada para encontrar um ebó mal despachado e não coloquei as lentes. Lembro que eu precisava pegar o ônibus Manoel Torres, mas só consegui enxergar no letreiro, muito mal e porcamente, duas palavras, sendo uma começada com M e a outra terminada em S. Achei que estava certo e fiz sinal. Só percebi a cagada quando estava quase no ponto final do MARECHAL HERMES =/